Euro digital não resolve problemas das stablecoins do dólar, afirma assessor do BCE
Uma moeda digital criada por um banco central, chamada CBDC, não é o suficiente para competir com o crescimento das stablecoins ligadas ao dólar americano. Essa é a visão de Jürgen Schaaf, um assessor do Banco Central Europeu (BCE). Em uma postagem recente no site do BCE, ele apresentou algumas opções estratégicas que a União Europeia (UE) pode adotar para lidar com esse fenômeno.
Dentre as alternativas sugeridas estão as stablecoins regulamentadas em euro, o uso de tecnologia de registros distribuídos (DLT) e o desenvolvimento do euro digital. Ele também deu destaque à necessidade de uma coordenação global mais eficiente na regulamentação dessas moedas digitais, ressaltando as diferenças que existem entre a legislação dos EUA e as normas europeias.
Stablecoins em euro como uma primeira medida
Schaaf recomenda que a UE priorize o apoio a stablecoins reguladas em euro. Para ele, essas moedas digitais poderiam ser a principal resposta da Europa ao crescimento das stablecoins dos EUA. Ele observou que, embora haja uma tendência de neutralidade entre as instituições públicas, ignorar essa questão poderia sair caro no futuro.
Schaaf acredita que as stablecoins projetadas com altos padrões e que consigam mitigar os riscos podem atender a necessidades legítimas do mercado. Além disso, essas moedas poderiam ajudar a fortalecer a posição do euro no cenário internacional. Infelizmente, alguns estudos mostram que as stablecoins europeias ainda são pouco adotadas. Fabio Panetta, presidente do Banco da Itália, já apontou que a circulação dessas moedas atreladas ao euro ainda é baixíssima, apesar de iniciativas regulatórias como o MiCA.
O BCE vai além da ideia do euro digital
Schaaf enxerga o euro digital como apenas uma parte de um plano maior voltado para os pagamentos digitais. Ele menciona que a CBDC pública, junto com inovações do setor privado e a tecnologia DLT, pode funcionar como pilares para manter a soberania monetária da Europa. Para ele, o euro digital pode ser uma defesa robusta para essa soberania nos pagamentos do dia a dia.
Embora seja um tema relevante, o assessor falou mais sobre a aplicação da tecnologia DLT, que pode trazer melhorias significativas tanto para pagamentos nacionais quanto internacionais. Recentemente, o BCE aprovou dois projetos-piloto incentivando o uso dessa tecnologia, com o intuito de fortalecer a infraestrutura de pagamentos no continente.
Esperanças para o euro digital em 2025
As falas de Schaaf refletem uma visão mais ampla que a Europa está tendo sobre como se posicionar frente à força das stablecoins americanas. Essa preocupação começou a ganhar destaque há algum tempo, especialmente após o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, assinar uma ordem executiva para fortalecer o uso de stablecoins.
Desde então, as autoridades do BCE têm discutido a necessidade do euro digital, considerando que ele pode ser uma ferramenta essencial para proteger a soberania monetária da zona do euro. Apesar do avanço do euro digital até a fase de preparação em novembro de 2023, ainda não há uma decisão final sobre seu lançamento. O BCE planeja decidir até o final de 2025 se vai seguir em frente com essa iniciativa.